Caro Charles Darwin, Antes de mais, quero felicitá-lo pelo trabalho que tem desenvolvido no seu percurso, em especial durante a sua viagem abordo do navio Beagle, com ponto alto na sua passagem pelas ilhas Galápagos. Sou um grande admirador, como tal, tento sempre informar-me sobre as suas novas teorias, informar-me sobre o seu trabalho. Assim sendo, descobri que está a pensar fazer uma nova jornada às ilhas Galápagos e que pretende levar consigo um jovem assistente, um naturalista. Deste modo, eu gostaria de me propor a esse lugar por preencher na sua equipa, e pretendo dar-lhe razões para me deixar fazer parte da sua equipa.
Em primeiro lugar, posso afirmar que tal como o senhor, eu sou um apaixonado pela natureza. Desde cedo comecei a interessar-me pela natureza e pelas ciências. Talvez devido à estabilidade económica que os meus pais me podem dar, em todos os tempos livres me dirigia ao campo e procurava descobrir novos animais, ou procurava encontrar um animal em específico, que por qualquer razão me tinha despertado o interesse. Lembro-me especialmente do dia, e que na tenra idade de 6 anos, fui para uma floresta procurar aquele que é conhecido entre o povo por perdiz-vermelha (Alectoris rufa), uma pequena ave que não voa. Intrigado por esta ave não voar, após várias observações deste animal e de outras aves da espécie Gallus gallus domesticus (galinha) como a galinha, percebi que apesar de terem asas, esta eram demasiado pequenas para conseguir fazer levantar voo um animal com o seu peso.
Em segundo lugar eu adoro viajar, conhecer novos locais, ver formas de vida diferentes. Mais uma vez a estabilidade financeira que me é proporcionada pelos meus pais permitiu-me fazer as minhas mini expedições nos arredores da minha terra, sempre com um bloco de notas na mão pronto a escrever qualquer coisa estranha ou possível teoria que me passe pela cabeça. Também já tive a oportunidade de viajar pelo meu país e conhecer países próximos. Sou uma pessoa bastante informada sobre a geografia. Leio bastante acerca da história e geografia natural. Tenho uma colecção de rochas e minerais, que vou completando com exemplares novos que vou encontrando nas minhas viagens, e catalogo todas, na esperança de encontrar alguma que ainda não tenha sido, digamos “descoberta”.
Sou uma pessoa bastante interessada pelas ciências como a matemática e a química. Tenho um laboratório improvisado em casa, e vou fazendo as minhas pequenas experiências de química, não muito avançadas, mas que me têm permitido tirar algumas conclusões e adquirir novos conhecimentos. Tenho alguns livros sobre química, biologia e geologia. Sou bastante interessado por estes 3 temas, e como tal adoraria fazer parte da sua equipa, não só por isto, mas por também o admirar muito.
Eu entendo que é com a experiência e observação dos animais no seu habitat natural que conseguiremos tirar conclusões acerca deste e do ambiente que os rodeia. Penso que a observação é fundamental, e não vejo sítio melhor que as Galápagos. A diversidade biológica é estonteante, e se o senhor ficou impressionado ao chegar a esse arquipélago pela grande variedade de formas de vida que encontrou, muito mais impressionado ficará um mero jovem aspirante a “biólogo” como eu. Penso que Charles Darwin utilizou de forma brilhante as potencialidades biológicas deste arquipélago, mas se me permite, e sem querer desrespeitar o seu trabalho que aliás admiro profundamente, penso que ainda há muitas coisas que ficaram por explicar. Penso que as ilhas Galápagos têm muito mais potencial em termos da história natural do que o que foi aproveitado por si e pela sua equipa.
Como admirador e seguidor do seu trabalho, tive acesso a livros seus, que foram lançados A viagem a bordo do beagle e a origem das espécies. Este último defende a sua teoria da selecção universal. Concordo com esta teoria e penso que a fundamentou extremamente bem. Os seres evoluem com o tempo como forma a adaptarem-se às condições que têm de enfrentar, sendo que só os mais fortes prevalecem. Assim sendo, esses mais fortes vão reproduzir-se e originar descendência com as mesmas características. É aqui que eu acho que algo ficou por explicar. Sendo que consideramos que todos os animais descendem de um antepassado comum e que são resultado da evolução desse antepassado, tem de haver qualquer coisa que faça com que essa evolução se processe. Por exemplo consideremos um pássaro ancestral que deu origem a por exemplo papagaios e catatuas. Temos que admitir que há características comuns a estes 2 animais (ambos têm asas, bico…) mas também há características que os definem. E a minha questão é: o que é que dita essas características? O que é que faz com que animais com antepassados comum sejam tão diferentes? Sim, é a evolução, mas tem de haver algo que registe essa evolução, que registe essas novas características, se não correríamos o risco de um animal considerado forte originasse descendência mais fraca que ele. É aí que eu penso que as Galápagos devem ser mais exploradas. Procurar descobrir o que dita essas características. Podemos pegar no exemplo do homem: como é que por exemplo, é possível pais com os olhos escuros terem filhos com os olhos azuis? O que é que faz com que isto aconteça? Tem que haver algo em todos os animais que dite essas características e que se actualize conforme as evoluções que as espécies vão sofrendo ao longo do tempo. Assim sendo, penso que deveríamos procurar desvendar este mistério com observações de animais com características comuns, talvez por dissecação de alguns, observação ampliada das suas células…
Assim sendo, espero que considere a minha proposta e ficaria eternamente grato e muito entusiasmado com a possibilidade de estar presente nesta sua nova expedição. Continuação de bom trabalho.
Com os melhores cumprimentos.
Nome: Pedro Leonel Frias Couraça Carvalho de Almeida